FLUIR

Como mudar o padrão destrutivo e seguir na bem aventurança?

Vibra toda existência em amor
Não é posse, nem domínio é um compartilhar sem fim
Raios de sol não se limitam a brilhar para os bons nem apenas aos justos
Assim como o ar que respiramos e as cores que nos alegra

Atentos estão os buscadores e também os que não se apegam aos desejos
Surtem os primeiros efeitos de perceber:
A graça que eleva, a poesia da vida, as danças da natureza
Tornando a efêmera  passagem da vida, um contemplar de luz

Qual o olhar que te aflige? Abandona-o
Qual o sentido que o puxa para a destruição? Desvia-te e olha para dentro mergulha profundamente em si mesmo
Ao inicio, nada se apresentará diante a turva visão que se instaurou pelos insanos desejos
Em  perseverança, se apresentará a você um fluir de energia tão presente e prazeroso que te remeterá a fonte
Já não estará mais separado de toda a graça
Parecerá mais vulnerável que antes porque não há nada que assegure a permanência
Apenas um olhar, com coragem e  vontade de dissolver-se em algo sagrado
Tão verdadeiro que fará com que veja ausência de verdade na disputa da vida

Seguir cooperando é o que não te aprisionará nas sensações de distanciamento dos outros seres
Ofuscados pelos desejos e disputas
Contar histórias, seguir cantando, pintando, escrevendo ou simplesmente convidando-os para um novo olhar.
Assim é como surge um ser vivificado, renovando o que lhe parecia tão destruidor
Como disse, está presente aqui e agora, é entrada e também saída
E é assim que se pode encontrar um novo fluir para sua existência
Tal como uma criança que aprende a andar de bicicleta, ou a nadar, é um processo que sai da vontade até chegar na realização
Precisa apenas confiar e fluir no seu propósito de sair de um padrão destrutivo e alcançar o poder criativo
Você é capaz.

MaDeva Osho - 15 de novembro


A Arte Devocional

A arte é resultado de um fluir criativo. A vontade de expressar a harmonia oculta que percebo e daí a poesia é a mais acessível de todas as artes. Papel, caneta e a liberdade poética que não se apega a razão, apenas deixa fluir a emoção. Muitas vezes sou surpreendida, uma clareza sem fim, em outras a escrita não ressoa lucidez mas às vezes, muito tempo depois, parece que responde conflitos, promove gargalhadas e sigo, mais confiante, menos questionadora. Está tudo dentro mas não é linear, parece uma pintura abstrata que provoca emoções, deslumbres, vislumbres da eternidade.

Venho chamando de eternidade essa visão do tempo não linear porque o caminho do buscador não é linear, já teve momentos que não havia mais questionamento, a consciência se fez límpida na arte e eu a chamava de oceânica porque era de uma vastidão e profundidade incomparáveis. Em outros, parece que a duvida de tudo o que vivi é bem maior que tudo e sufoca essa fluidez. Daí ser necessário uma disciplina para que se observe os dias e as noites da alma. Um tempo individual que acompanha a mutação de tudo. Ainda há o zen, a capacidade de estar tão centrado que esta mutação não interfere, apenas é observada. A este centro dei um nome, não sou eu pois o eu é mutável como a lua, é o não eu. a essência. Ela existe em minha arte como Anatta Osho e hoje é a escola, porque foi Osho quem apontou, porque é uma fusão do significado e o significante, da mestra e da discípula, do caminhante e o caminho. Dá um prazer, uma alegria infinita, e tudo mais perde a graça, parece egoismo e vaidade falar ou apontar para o estado... a canção do universo, nem sempre é possível traduzir, mas ouço e fico parada. Tem uma certa graça ver tudo movendo em busca desta sensação de completude, de nada e se constatar que nada é preciso para alcançar.
Porque é tão difícil viver assim? Porque não é possível sem desapego, confiança, ou seja relaxamento.
Como confiar, relaxar em um mundo cheio de maldade? Isso se parece com egoismo, com a vaidade de ser melhor do que os outros. A resposta é a sanga, a amizade, seja essa amizade em um plano material ou espiritual, a amizade vai criar o campo, vai proteger, lembrar, vibrar em uníssono para criar um espaço propicio ao florescer, com relaxamento.
Este blog é minha sementeira, onde semeio amizades, onde convido para a sanga um espaço propicio a meditação. Onde cada um vai poder relaxar no nada e ver que nada é preciso para alcançar a busca, apenas parar a correria e o desejo de ser algo que não é. Simples assim.
Quem busca a força pode encontrar a delicadeza e descobrir que era apenas isso que lhe faltava.
Comigo está sendo assim. Uma delícia admitir em simplicidade.



Chamado ao despertar

O olhar que se desvia do ser criador perde-se diante de tanta ganância destrutiva. São tantos atos irresponsáveis que é possível nos perdermos em lamentações e impotência para dar sustentação a uma vida sem esperanças, digna de escapes nos dramas e fantasias emprestadas, em alucinógenos anti monotonia ou, ao contrário disto, encontrarmos o verdadeiro impulso para criar a grande revolução interior, capaz promover o despertar.
No propósito de lembrar aos 10.000 budas do mistério da cura coletiva, venho plantado meus dias, em uma atitude de ousadia maior, ser quem eu sou, uma mística declarada.
A  Escola de Mistérios Anatta Osho, em profunda conexão com Osho, devoção e rendição, reverbera  em uma graça que culmina no compartilhar da poética oceânica que, sem refinamento algum, foi guardada pela neófita hesitante e desregrada que fui.
O inevitável vem a tona, pois o mistério não é segredo mas o sagrado que escancaradamente se repete, aprofundando-se e enraizando, silenciando dúvidas e medos no êxtase da criação.
Não há nada de sofisticado em tudo isso, é o simples e verdadeiro cantarolar que revela a beleza, o natural e despretensioso Ser que ilumina o corpo e transborda em emoção de pura confiança.
Não daria nome para isso e manteria comigo mesmo se não fosse por gratidão. Daí surge o desafio de declarar a coautoria da palavra, da graça e de tantas cores.
É pela conexão que as palavras criam, dando sentido ao silêncio, que Osho ajuda a revelar o mistério, e nos chama ao mergulho mais uma vez.
Tomada pelo som primordial renasço todos os dias mais que eu mesma, há a consciência da essência - Anatta,  que cala-se quando não tem o que dizer. Repousa no ser. Dança em silencio.
rsrs...eu brincando de atriz no sarau da Casa da Essência. 

Já fui longe demais

O mundo gira! Essa é a expressão popular que expressa a sabedoria búdica da impermanência . E nós, girando como ele, podemos experimentar as diferentes faces da existência, deslumbrantes e assustadoras. Vem o dia ensolarado, é possível enxergar as cores com mais intensidade, em seguida se apresenta a noite, os sentidos mais profundos são despertados fazendo o contraste dos mundos, apresentando o interior, vasto, profundo e intransferível.  O centro permanece inalterado, vazio, diante a tantos estímulos.
Tem sabor de eternidade.

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Acredito que o estado meditativo é aquele que simplesmente observa a expansão gradual dos ciclos que se movem, ininterruptamente. Uma expansão que aproxima-se mais e mais do centro, fazendo do observador a única realidade, por ser este a própria consciência, que está em tudo.
O olhar que muda o mundo e, sem que nada se altere, promove o despertar.
Já não posso mais identificar o medo que me lançava a periferia por temer a fonte. Já não posso mais ter a ousadia por querer estar além do que já é.
Não mais diferencio o claro ou o escuro pois permaneço inalterada quando permito o fluir do amor, em todas as direções.
Estou unificada com a mãe do mundo, a fonte de tudo, a quem chamo, amorosamente de Madeva Osho - mãe divina oceânica.
É assim, trilhando as linhas das palavras que seguem um fluxo, como o rio corre para o oceano, encontro a lembrança perdida. Vi o padrão de sair de mim mesma para me perder e depois retornar a fonte.
Já fui longe demais.


Uma manhã ensolarada em Brasília, 13 de outubro de 2019.