Já fui longe demais

O mundo gira! Essa é a expressão popular que expressa a sabedoria búdica da impermanência . E nós, girando como ele, podemos experimentar as diferentes faces da existência, deslumbrantes e assustadoras. Vem o dia ensolarado, é possível enxergar as cores com mais intensidade, em seguida se apresenta a noite, os sentidos mais profundos são despertados fazendo o contraste dos mundos, apresentando o interior, vasto, profundo e intransferível.  O centro permanece inalterado, vazio, diante a tantos estímulos.
Tem sabor de eternidade.

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Acredito que o estado meditativo é aquele que simplesmente observa a expansão gradual dos ciclos que se movem, ininterruptamente. Uma expansão que aproxima-se mais e mais do centro, fazendo do observador a única realidade, por ser este a própria consciência, que está em tudo.
O olhar que muda o mundo e, sem que nada se altere, promove o despertar.
Já não posso mais identificar o medo que me lançava a periferia por temer a fonte. Já não posso mais ter a ousadia por querer estar além do que já é.
Não mais diferencio o claro ou o escuro pois permaneço inalterada quando permito o fluir do amor, em todas as direções.
Estou unificada com a mãe do mundo, a fonte de tudo, a quem chamo, amorosamente de Madeva Osho - mãe divina oceânica.
É assim, trilhando as linhas das palavras que seguem um fluxo, como o rio corre para o oceano, encontro a lembrança perdida. Vi o padrão de sair de mim mesma para me perder e depois retornar a fonte.
Já fui longe demais.


Uma manhã ensolarada em Brasília, 13 de outubro de 2019. 

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